quarta-feira, 13 de abril de 2011

Reconstrução

Brilho nos olhos, brilho em todos os fios do cabelo.
Sorriso sincero, sem motivos, mas sincero.
É como se um ventilador a seguisse em todo o seu caminho
tornando o seu andar sensual e o balanço de seu cabelo perfeito.
Ela tomou o seu tempo pra se recolher e sofrer. Afinal, ninguém é de ferro.
E agora está ali, radiante e única.
E ela merece todos os elogios.
Afinal, quase ninguém é singular.

Impulsividade

E no meio daquela noite
Eu te enchia de palavras sem sentido - O que chamam de papo furado
Só pra te manter ali.
Até que uma hora
Eu não consegui segurar a curiosidade
Daquele dia em que você me ligou de madrugada
E eu não atendi.
"O que você queria comigo, se estava com ela?"
Te pergunto, de uma só vez.
E sem receber uma resposta concreta
Eu grito que te amo
Te soco no estômago algumas vezes
E imploro pra que você vá embora
E não apareça nunca mais.
Você diz que não conseguiria me dizer adeus para sempre
E muito menos me largar ali
Perdida em dúvidas e em lágrimas
E não parava de me olhar.
E foi ai que nos abraçamos
E choramos
Pelo seu orgulho idiota
E nossos erros infantis
Até que você realmente virou as costas e se foi.
Voltou pra ela
E pra bem longe de mim.
Porque simplesmente não sumiu de vez? Para sempre?
Bem que você avisou.

Minha Culpa

Eu já te abracei no frio da madrugada e deixei suas lágrimas da dor de uma perda rolarem pelo meu ombro. Já te tirei da chuva, embaixo de mais lágrimas que te afundavam na mesma dor, e consegui te arrancar um sorriso. Já escutei seus medos e esperei eles irem embora até o sono conseguir te embalar. Já te perdoei. E também já implorei pelo seu perdão. Implorei pois percebi o quanto eu gostava de você e tinha medo de te perder. Já suspirei enquanto você admirava minhas costas nuas com o carinho das suas mãos: "acho que estou gostando de você". E ouvir você concordar fez meu coração estalar de alívio. Mas, confesso, ele também estalava de insegurança. Aquilo tudo era muito pra mim. Muito e muito novo. E cada vez mais eu me envolvia na insegurança do meu sentimento.
E a culpa que carrego e agrego a você é a de ser seu anjo, seu porto seguro, e mesmo assim ter te ferido. Logo naquele momento em que jurei de olhos fechados, com você no meu colo, que a sua dor seria a minha dor; e que, assim, eu jamais te abandonaria.
Eu deveria saber o tamanho do seu orgulho. E dos seus limites. E eu sabia, mesmo assim te desafiei.
Acontece, que você sabia que eu não tinha limites com você. E me desafiou também.
E depois de tantas brigas e amores, você, a partir dali, me prendia totalmente ao mesmo tempo que me deixava. Já eu, passei a sonhar todas as noites com a sua volta, mas no fundo me matava numa ilusão de que você nunca mais iria voltar. E você voltou. Você sempre volta...
Só que dessa vez, depois de muito tempo, eu tinha conseguido te esquecer. E quis provar isso pra você e para todo mundo.
Ai é que foi o outro erro. Talvez o pior de todos: Eu me enganei.
Quis me mostrar independente. Mudada. Mulher. Crescida. E consegui.
Mas quem disse que você havia se apaixonado por esta pessoa? Não, você gostava era da outra versão de mim.
E quanto mais eu me tornava uma mulher casual na sua vida, que pouco se importava com nada. Menos valor você me dava e parecia se afastar.
E depois desta última recaída eu desabei. Chorei igual a uma criança com medo. Abracei meu travesseiro e não dormi a noite inteira, pensando em que pessoa péssima eu havia me tornado para você. Será que agora essa sou eu de verdade? Porque não pode ser tudo como era antes? E agora já era: minha imagem estava mudada. Eu já havia me entregado por inteiro.
Sim; você podia falar que eu era sua a hora que fosse, do jeito que fosse. E eu não poderia negar.
Mas quer saber? Porque eu me importo tanto em ser perfeita o tempo todo? Isso tá errado! Na verdade, depois dessa última volta eu já não sentia o mesmo por você. Na verdade, eu não sentia quase nada além de vontade de, justamente, te provar o quando eu era perfeita. E nesses tempo que passou - de textos escritos pra você e sonhos desperdiçados aguardando a sua volta - eu realmente cresci. E quer saber mais? Eu gostei de tudo que aprendi com essa nova mulher sem limites. Ela está longe de ser perfeita. Mas e daí? Essa não sou eu. Vou levar comigo apenas o que ela me ensinou de bom. Afinal, ninguém é perfeito e quanto mais tentamos ser, menos perfeição alcançamos.
Essa culpa toda tem que ir embora. Se sou realmente seu anjo, sua segurança; um dia você vai dar valor. E ME convencer disso. Porque a partir de agora, eu quero me convencer do contrário.
Enquanto estou aqui vomitando essas palavras, você provavelmente dorme tranquilo. E com a sua dor superada. Agora é hora de olhar pra frente e seguir minha vida. Quero voltar a dormir bem e me amar bem, do jeito que eu sou.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Aviso Prévio

Ela está sendo avisada. Ele está sendo avisado.
E os dois se avisam o tempo todo e não conseguem reagir.
Dentro do carro, sentados, parados; se olham fixamente diante da notícia mais pesada que receberam juntos. E, o pior, que caiu como uma luva - eles não podem negar.
E ali mesmo, sem cinto de segurança, que poderia defendê-los do medo do futuro ou da saudade do passado, conseguiam se alcançar - e se encontrar - em intermináveis beijos e lágrimas. E aquele abraço forte depois de toda essa carícia, não vinha mais com o "eu te amo, vamos tentar mais uma vez" como sempre acontecia.
Agora, com os cintos apertados - corações apertados - eles seguem de volta pra casa.
Juntos.
Separados.
Juntos ou separados?
Juntos por causa de um carro que anda devagar com medo de chegar rápido demais no destino que já é esperado.
E separados por um turbilhão de palavras jogado em cima dos dois; que significava na concordância do tal destino esperado.
E durante o caminho
Longo
Vazio
Chuvoso
Escuro
Massacrante
Outros turbilhões de palavras estavam ali. Só que dentro de cada um.
O carro parou, as lágrimas já habiam secado.
Estava tudo tranquilo, mas parecia tudo muito certo e errado. Era literalmente um paradoxo sem fim.
Ela então se levanta e bate a porta...
Olhando pra baixo, pra trás, pros lados.
Ela insiste no medo de olhar pra frente.
Já ele, segue com seu carro.
O aviso está dado
Mas sem data certa
Sem hora marcada.
A angústia de viver numa indecisão tão certa e decidida cabe apenas aos dois
Medrosos e covardes
Que não são capazes
de matar um amor sem fim - E quem é?
E nesse dilema
Que dessa vez não é clichê,
ela se depara com outros diversos caminhos até seu destino tão certo.
Caminhos que não são tão cruéis.
Cabe a ela tomar coragem de olhar pra frente e seguir.
cabe a ele tomar coragem de deixá-la seguir.
E quem sabe, assim, não descobrem o que tanto procuram?
Ninguém sabe. Muito menos eles.