segunda-feira, 26 de julho de 2010

Me chame

Quando quiser viver uma aventura, me chame.
Me chame quando cansar de saber como o dia vai terminar.
Me chame quando seu dia não tiver mais sol e quando a sua lua nunca mais estiver cheia.
Me chame quando estiver cheio dela, ou delas.
Me chame simplesmente porque gosta de dizer meu nome – eu sei que você gosta.
Me chame sem prensar duas vezes, não vai ser nada demais pra mim mesmo.
Me chame de dia, a tarde ou a noite – só não garanto que irei a qualquer hora.
Me chame com um sussurro, um suspiro ou com um berro.
Me chame se quiser dividir uma alegria ou uma vitória.
Mas não me chame pra chorar suas lágrimas, pra isso não.
Afinal, as minhas eu não pude compartilhar com você.
Me chame pra divertimento, pra gastar aquele meu tempo inútil.
Me chame, mas não espere que eu fique o dia inteiro.
Me chame quando quiser... e eu posso até ir. Provavelmente irei.
Me chame porque não agüenta mais segurar a vontade...
Me chame, mas não espere nada de mim.
Estou te dando um conselho que você devia ter me dado há tempos atrás: Não confie em mim, não mais.
Não sou mais confiável quando se trata de nós dois.
Melhor, quando se trata “de você”. “Nós dois” já não existe no meu mundo.
Mas mesmo asim me chame, e admite que nunca me esqueceu por completo.
Me chame e depois peça que eu fique. Para que, pela primeira vez, eu possa te dizer adeus.
Quando quiser viver uma aventura, me chame.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Maria Fumaça

Este texto e os dois abaixo dele foram escritos em Minas Gerais. Um tempinho de férias dos textos do mesmo estilo :)
__________

Um 60 bem redondo e amarelo, a minha esquerda, carrega lenhas mal cortadas.
O frio de lascar faz a moça sentada recolocar o seu casaco.
Estou em um tipo de locomotiva de séculos atrás...
Não só o trem em si, mas uma humilde e inteira população movida pelo calor, um calor que me queima os olhos –o de seus corações.

Um homem grita de longe
Foguetes explodem no céu cheio de nuvens –que está fora do meu campo de visão, só me permitindo ouvi-los.
O sino anuncia a partida...

O grande 60 amarelo, impresso na locomotiva quebrada a minha esquerda, se afasta aos poucos, bem lentamente.
Meus olhos se fecham num movimento involuntário por causa da luz ao sairmos do túnel.

Do lado esquerdo agora vejo o trilho, casebres... cheiro de paz.
À direita, como uma gafe, um anúncio gigante da Coca-cola.
Rapidamente me curvo para a esquerda.
É como uma versão em câmera lenta da Mountain Railroad, da Disney.

Percebo um pedacinho tímido do sol entre as nuvens cinzentas.
Aliás, me dou conta de que estou toda de cinza, inclusive as unhas.
Recebo acenos e sorrisos de crianças, adultos e idosos
Todos na rua, parados com a atração do dia e motivo maior de felicidade: Ver o trem passar.
E eu lá dentro com um sorriso amarelo, de cinza tédio, cinza triste, cinza ranzinza...
Alguém aí tem uma acetona pra me emprestar?

Vou seguindo pelos trilhos.
Sentada, unhas escondidas na manga do casaco e o coração sorrindo para o lá fora.
Pelo longo caminho da locomotiva, que carrega tanta gente para o mesmo lugar, tento achar o meu próprio lugar, aquele dentro de mim mesma. Será que ele está junto ao sentido dos pensamentos?
Rumo ao inesperado. Experiência nova simplesmente incrível, me transportei a antiga simplicidade.

Casa dos contos

Cores, conflitos, casas, carros.
Um carinho caprichado cuidadoso e criativo.
De lonje apenas traços, trecos, troços, trabalhos...
Aproxime-se e encontre-se, encante-se, encare.

Num local tão distante de toda tecnologia, onde a propaganda se limita ao boca-a-boca
O frio me envolve, aquecendo aquele momento.

O momento em que me deparei com cores, conflitos, coisas, carros.
Em quadros tão bem pintados.

A sua espera

Desce menina, desce a ladeira
Segure sua saia e olhe aonde pisa.
O balanço dos seus cabelos abraçarão o vento
E o brilho dos seus olhos me renderão um sorriso.

Desce menina, desce com calma
Aguardo aqui embaixo com rosas nas mãos.
Quando você chegar com a força de uma descida
Carregarei-te nos braços e entregarei meu coração.


Desce menina, mas não demore a chegar.
As flores que carrego me contaram:
-Uma grande chuva está por vir, por muito tempo não aguentarás esperar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cartão postal

-A unha é o cartão postal da mulher...
-O que? –Eu disse me aproximando do homem por causa do barulho alto demais da boate.
-A unha é o cartão postal da mulher!!
-Atá.

...

Naquela madrugada eu levei uma porrada no meio do cucuruto! “Como assim a UNHA pode ser o cartão postal de uma mulher?”. Mas se um homem disse, está dito.
Naquela madrugada a minha unha se encontrava num estado deplorável! Sabe quando a gente faz a unha na manicure, sem idéia alguma de cor nova e coloca aquele vinho normal que pode mudar o nome e a marca, mas ninguém nunca repara a diferença? Então, eu tinha feito a minha... Há umas 3 semanas antes desta noite!
Desastre total. Tudo estava pela metade, parecia que eu tive que economizar na acetona e cansei de tirar o esmalte com o dente de algumas unhas e deixei as outras pra depois.
Quem me conhece sabe que isso é algo extremamente raro, visto que desde que me entendo por gente gosto de cuidar das minhas unhas!
Aquele cara me derrubou num buraco, cuspiu em mim e depois ficou rindo e apontando... Sensação que eu tive.
Uma vezinha que eu deixo minhas unhas não estarem perfeitas e um idiota qualquer repara? Aposto que se eu tivesse feito no salão mais caro possível, com um esmalte Chanel e estivesse segurando uma bolsa de ouro, ele não teria dito nada.
Bom, acontece. Aconteceu comigo em 2007 e eu nunca esqueci.
Apesar de defender que as mulheres devem ser no mínimo cuidadosas e detalhistas com a sua saúde e beleza e de ter meus rituais envolvendo os mesmos, achei um absurdo aquele cara me dizer isso a troco de nada –ele nem chegou em mim depois! Será que realmente a unha é como um cartão postal? Isso me fez pensar bastante –e rir bastante também!
Fica aqui um protesto.
Milhares de esposas, namoradas, filhas, flertes e agregadas já tiveram pelo menos uma decepção ao cortar o cabelo e seus homens não repararem. Pelo menos metade dessas milhares já tentaram ficar desfilando na frente dos seus namorados e maridos até eles repararem qualquer tipo de mudança no rosto ou roupa.
E como assim um babaca tem a cara de pau de falar que logo a unha é o cartão postal de uma mulher? Se vai ser grosso pelo menos seja sincero dizendo que é a bunda (ou o peito) ou então seja romântico e diga que é a essência (ou o humor). Melhor, né?
Bom, ele até tem lá seu crédito. A frase é criativa e me rendeu ótimos pensamentos, além de que depois disso eu comecei a reparar mais nas unhas alheias: Formas, cores, tamanhos, se é de verdade ou de porcelana, etc...
Tem um pouquinho de verdade nessa afirmação, bem de leve! Mas, meu caro, nunca mais faça isso.
Podem me chamar do que for, nada me atinge. Mas se eu não te conheço deixa sua opinião sobre meu cabelo, unha e barriga beeeeem longe dos meus ouvidos.
O cartão postal dos homens (pra não dizer o olhar e cair no clichê, apesar de um tanto quanto verdadeiro) são as suas idéias e teorias próprias.
Pena que um homem só mostre seu cartão postal depois de um tempo. Não tem como saber só olhando... Tirando as exceções...
Se nosso cartão for mesmo a unha, pobre dos homens com a quantidade de susto que irão tomar.
Até quando nosso cartão postal vai ser visto tão fácil assim? Quando será que para eles não bastará avaliar de cima a baixo?
Repito: O cartão postal dos homens, pra mim, só aparece depois de um tempo.
Questiono: Você, mulher, quer que o seu seja tão fácil assim de se perceber?

Saber dizer, querer ouvir.

Nem escrever poesias e textos eu consigo mais
Por que?
Me liga de novo...
Aliás, fala comigo no msn de novo
Toda hora eu quero te ligar
Pego o celular, coloco no seu número e não consigo nem mandar uma mensagem... Por que?
Porque é errado
Porque dizem que é errado.
Porque é verdadeiro
Porque é real demais.
Mas, perai...
Com você eu posso ser transparente, né?
Então, vamos lá...-melhor acordar arrependida de ter dito do que engolir sapo!
Eu to com saudades.
Quero conversar, rir, me sentir a vontade
Acho que tudo ocorre no tempo certo, claro
Mas também acho que ta na hora de fazer acontecer
Um dos lados tem que se mexer alguma hora...
Eu queria muito que partisse de você
Queria que quando voce me procurasse eu estivesse tendo um caso que te enlouquecesse de ciúmes
Queria que voce ficasse me ligando noite e dia
Queria que não pensasse mais nela
Queria que pensasse mais em mim
Queria entrar no msn e ver sua janelinha subindo igual era naquela época
Queria acreditar que meu celular ia tocar na pior hora do meu dia, pra me alegrar
Queria que tudo estivesse sendo diferente,
Mas não queria que nada tivesse sido diferente do que foi –ou quase nada.
Aliás, você não foi nada, mas significou tudo.
Há quem diga que sou louca, que confundo as coisas
Posso ser louca e confundir as coisas, e daí? EU POSSO.
Pra mim voce foi importante e ponto final.
Pra mim o final foi só uma virgula...
Porque nunca acabou na verdade.
Nem todos os relacionamentos precisam ser iguais
Nem todos os casos precisam ser de novela ou romances hollywodianos
Nosso caso é assim, é meu caso sem fim.

Os homens sabem o que querem dizer, as mulheres sabem o que querem ouvir.

Você diz e não volta atrás, seilá se algum dia ainda vai voltar...
Diz com certeza, disse com convicção.
Reaparece sem medo de julgamento, de impacto. Reaparece porque sabe o que dizer.
Eu não.
Eu fico mal porque não ouvi exatamente o que queria
Só me convenço quando ouço frases perfeitas
Sei tim tim por tim tim o que quero que saia da sua boca.
Mas não faço sair.
Ta na hora de mudar essa rotina? Vamos ver até quando a boa transparência não se confunde apenas com a nudez bem vinda, vamos ver até quando os ditados que dizem que as mulheres têm que fazer joguinhos e serem manipuladoras acerta.
Talvez seja tudo verdade e eu deva engolir, mais uma vez, essas palavras que gritam dentro de mim.
Mas talvez não, talvez eu deva fazer a transparência vencer.
No final das contas o que eu não descubro é como você sempre está no meu pensamento... Mesmo não estando nunca nos meus dias.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dois em Um

Algumas vezes o subconsciente se tranforma em uma real personalidade. Esta caminha com seus pés, fala pela sua boca e respira pelo seu nariz.
Não espere que a donça chegue para se aquetar e nem que os ossos quebrem e te impessam de pular bem alto, te prendendo ao chão. Controle seu subconsciente para ele se tornar uma personalidade boa.
Se ocupe sozinho. Saiba aproveitar, também, os momentos tranquilos.
Preocupação? Só com o agora.
Ser feliz em companhia é ótimo, mas aprender a lidar com a solidão sem torná-la dramática é um dom.
Lembre-se, pode-se estar totalmente sozinho no meio de uma multidão, é só adicionar um drama.
Faça seu subconsciente te levar para o lado certo. Você pode.

domingo, 11 de julho de 2010

Manhã dançante

A cortina translúcida da janela se abre. É o vento frio que corre...
O sol acorda a menina com a luz que invade o quarto.
O balanço da cortina dança livremente no mesmo ritmo dos cachos macios, imperfeitos e dourados -ainda esparramados pelo travesseiro.

Pés quentes no chão frio.

O barulho da obra ao lado -que originará na perda de uma vista que tornaria esta poesia ainda mais bela, dá um som heavy à dança tão suave que acontecia por ali...

A mulher se levanta.
O sonho acabou.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Upandown

Decidida a criar um álbum enorme com todas as fotos antigas de distintas épocas e grupos de amizades para nunca esquece-los, precisei mexer na segunda gaveta da minha escrivaninha, onde guardo todas as fotos.
Aberta a gaveta, dei de cara com um caderno. O caderno. Aquele com memórias de um amor infantil, do primeiro amor.
Não conti a minha curiosidade de relembrá-lo e o abri.
De dentro dele cairam fotos, cartas, palavras, cores e cheiros. Uma sensação de fumaça colorida ao meu redor, misturada com pontadas agudas de saudade.
Como já era de se esperar, visto que era um fim de tarde amarelo rosado de tédio, passei os olhos por todo o caderno, do início ao fim.
Só para constar, o tal caderno foi feito por mim, com tudo que se pode chamar de lembranças de um suposto amor. Era para ser um presente, que acabou ficando para mim mesma.
Enfim, continuei com as fotos.
Tratei de separá-las por data -aproveitando para rir um pouco de algumas, rasgar outras, juntei tudo e adicionei um longo suspiro.

Gaveta fechada.

Não preciso colocar em ordem aquilo que já aconteceu e já se foi, até porque ordem foi o que menos foi preciso em meio a todos aqueles momentos e acontecidos.
Não preciso organizar tudo num álbum bonito e colorido, pensando no quanto ficarei feliz um dia lendo e rezando para só me lembrar das coisas boas.
Não preciso deixar O Caderno escondido no fundo de alguma gaveta, com medo de lê-lo e me achar uma boba.
Não preciso ter medo do que vivi, não preciso organizar o passado. Não agora, não agora que devo me preocupar com o presente.

Dói ver fotos de abraços que hoje resultariam em porrada. Soa como uma verdadeira porrada, um nocalte no coração -no meio do estômago.
Aqueles que eram seus amigos e se foram, se afastaram, te magoaram, se magoaram... são irreconhecíveis, ou apenas distantes, ou muito atarefados, ou em outra dimensão...
Do primeiro amor não temos que temer. É sempre o mais puro, independente da idade que tenha ocorrido. Lembrá-lo as vezes não faz mal. Desenterrá-lo, algumas vezes, sim.

Chega de reclamar que pela primeira vez não posso ter tudo exatamente como eu quero ou de me sentir aguniada por não poder comprar mais tudo que vejo pela frente.
Não quero crescer igual Paris Hilton que até o fim da sua adolescencia achava que todos viviam em mansões.
Alguma hora a criança mimada ia ter que crescer. Alguma hora o motorista não estaria mais lá, o quarto não iria se arrumar num piscar de olhos...

Nem sempre se está por cima. A vida é como um elevador: Sobe e desce.
Uns tiram vantagem disso, outros de perdem, se fazem...
Ninguém é, em todo momento da vida, a mais bonita, a mais desejada, a mais feliz.
Nem sempre suas histórias vão ser as melhores. É assim que a banda toca. Não é ruim, é viver.

"A chuva só vem quando tem que molhar", já dizia o pagode...
A gaveta não vai desaparecer. Quando eu estiver em ordem com o agora, vai ser a melhor hora de organizá-la.
Nada de preguiça e muito menos de reclamações fúteis e exageradas!
Algo muito bom e grandioso está reservado para mim. Me dei conta disso e em breve acontecerá.

domingo, 4 de julho de 2010

Inspiração

Tentei começar um texto e só me vinham palavras que não são concretas. Pensei em assuntos e só me vinham os mal resolvidos. Busquei memórias e só vinham as preto e brancas. Resolvi escrever do futuro, mas vi que o passado está presente nele.
Ai, que estranha eu sou!
Algumas horas eu acho que complico o que já está descomplicado, que bagunço o que acabei de arrumar...
Olha eu de novo com as reticencias e multiplas interpretações...
Mas deixa pra lá! Me entenda quem quiser.
A inspiração nem sempre aparece. Por isso não quero depender da escrita para viver, quero sempre tê-la como uma visita ao meu dia, a minha noite, ao meu eu.
Escrever por pressão deve ser muito ruim.
Por exemplo, eu agora estou sem idéia alguma do que dizer. Mas as palavras soam doce -eu espero, porque vem de dentro e não de fora. Vem de mim e acabam em mim. Não surgem de chefes e acabam em salário.
Admiro os escritores, os jornalistas, os roteiristas, os compositores (...) Mas eu dependo da inspiração. Da cor inédita. Ma mistura caseira. Do dom que as vezes desaparece para aparecer mais potente...
Não abro mão das minhas reticencias e adoro dar sentido vago as frases. Frasem serão lidas, logo, interpretadas.
Interprete tudo como quiser!
Afinal, você vai ler com seus olhos e ouvir dentro de você mesma.
Estou sem inspiração nova. A antiga me cansou de tanto se repetir. Boa noite e até quando uma nova visita, dentro (ou fora) de mim, surgir.