domingo, 29 de agosto de 2010

Dor Maior

Dor Maior,
Da falta dos sorrisos, olhares e gargalhadas, angústias corações partidos.
Dor que aperta no peito
Arde no olhar
E me rouba palavras.
Para amenizar essa dor: você.
Que às vezes me visita nos sonhos, para alegrar meu coração.
Surge na mente do nada, para espantar a desilusão.
Tem dias que me pego sozinha, deitada, com os olhos fechados.
Imaginando sua mão na minha mão ou o cheiro da sua presença.
Era tão bom saber de cor o timbre da sua voz...
Hoje em dia não sei mais se, vendada, te reconheceria ou leria seus pensamentos.
Você está tão longe... Passa por mim e não sinto nem seu vento.
A energia que tínhamos, acredito, ainda está aqui.
A esperança, a força, os desejos e os sonhos, se dividiram em dois.
Dor maior da falta...
Falta que faz e desfaz. Que aparece e some. Mas nunca vai embora.
Queria ouvir mais uma vez nossas conversas jogadas fora.
Mais um dia à toa ao seu lado.
Mais besteiras e histórias.
Um montão de segredos compartilhados...
Dor Maior é minha dor, a dor da saudade... de um melhor amigo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Independência. Eu quero uma pra viver?

Vou começar com um trecho do livro de Roberto Freire
Ame e dê vexame: “Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.”

Brilhante.

Ainda não terminei o livro, mas posso afirmar: a idéia de que devemos nos entregar aos sentimentos e relações sem a cruel necessidade de dependência é sedutora.

Roberto Freire escreveu contos eróticos, novelas e até mesmo contos para crianças. Uma pessoa como ele tem muita história no peito e experiência nas costas, deve saber o que fala.
Já Martha Medeiros, que é mãe e filha e hábil com as palavras, diz, em um dos seus textos, que não há nada que nos dê mais segurança emocional do que contar com os outros apenas para aquilo que são insubstituíveis.

Será mesmo que não precisar dos outros é a solução?
Tem a ver com segurança emocional ou com a não necessidade de completar, quando se trata de amor?

Quem dera se conseguíssemos perceber exatamente a hora em que nos tornamos um pouquinho dependente de alguém. Seria fácil.
Mas quer saber? Talvez seja impossível ser independente, ou não querer se completar.

Ser deliciosamente desnecessário ou considerar dependência, realmente, morte já faz parte do nosso vocabulário?

E não para por aí.
Atualmente, uma das músicas e vídeo clip mais comentado é o da cantora Rihanna com o cantor Eminem, Love the way you lie (amo o jeito como você mente). Já ouviram/viram? - Eu adoro.
Um casal lindo vivendo no meio de mentiras, tapas, beijos e brigas – e gostando daquilo tudo, num hit sensacional e cenário evolvente. Duas pessoas que não conseguem se tornar duas pessoas. Um casal que ama e odeia a relação. Um relacionamento conflituoso...
São desnecessários em certo ponto de vista e super necessários em outros milhões. Lutam pela independênc total e parecem não consegui-la.

Nessa brincadeira se passaram anos e gerações. Diversas pessoas colocaram em questão a liberdade pessoal.
Muitos podem não entender como eu, vivendo na época do "prático", do sem compromisso, do neo-just in time, posso questionar a idealização da não necessidade ou dependêcia. Mas, ao meu ver, pode até ser o que estará na boca da maioria e muitas vezes vai ser o que procuramos, mas eu, euzinha, não acredito mesmo que dois amantes não desejam ser, ao menos um pouco, deliciosamente necessários.

Viver a vida de outra pessoa não torna alguém dependente e sim patético. Não defendo, nem um pouco, a dependência em forma de algemas. Logo, cairei no clichê de que a solução é o equilíbrio – mas sempre é. Então deixo aqui uma questão: O que é a independência para você, nos dias de hoje?

Terapia

Quase ninguém me entende quando eu digo que muitas vezes tenho preguiça de falar.
Sim, "preguiça de falar"! Quando acabo de acordar, quando sei que a frase vai encadear mil perguntas, quando estou de saco cheio e principalmente quando já estou ocupada demais falando comigo mesma, na minha cabeça.

“Quem cala consente”, mas quem cala também reflete.
Refletir chega a ser uma qualidade tendo em vista a quantidade de pessoas que falam sem pensar ou escutam sem ouvir.

Mas o que quase nunca costuma me acontecer é a preguiça de escrever. Basta um acontecimento estranho em um dia qualquer, uma decepção, uma alegria ou uma tristeza que lá estou eu escrevendo.
Será o frio que está me contagiando? Será que a preguiça também chegou na minha mão?

Costumo dizer que a escrita é a minha terapia.
Então não preciso mais me tratar?

Passou da hora de tirar a poeira do lápis – ou das teclas. Se já estou curada eu não sei, mas adoro viver nessa loucura constante e inconsciente. Não vou deixar a preguiça de ir à terapia me abalar e muito menos a terapeuta me dispensar!