segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Independência. Eu quero uma pra viver?

Vou começar com um trecho do livro de Roberto Freire
Ame e dê vexame: “Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.”

Brilhante.

Ainda não terminei o livro, mas posso afirmar: a idéia de que devemos nos entregar aos sentimentos e relações sem a cruel necessidade de dependência é sedutora.

Roberto Freire escreveu contos eróticos, novelas e até mesmo contos para crianças. Uma pessoa como ele tem muita história no peito e experiência nas costas, deve saber o que fala.
Já Martha Medeiros, que é mãe e filha e hábil com as palavras, diz, em um dos seus textos, que não há nada que nos dê mais segurança emocional do que contar com os outros apenas para aquilo que são insubstituíveis.

Será mesmo que não precisar dos outros é a solução?
Tem a ver com segurança emocional ou com a não necessidade de completar, quando se trata de amor?

Quem dera se conseguíssemos perceber exatamente a hora em que nos tornamos um pouquinho dependente de alguém. Seria fácil.
Mas quer saber? Talvez seja impossível ser independente, ou não querer se completar.

Ser deliciosamente desnecessário ou considerar dependência, realmente, morte já faz parte do nosso vocabulário?

E não para por aí.
Atualmente, uma das músicas e vídeo clip mais comentado é o da cantora Rihanna com o cantor Eminem, Love the way you lie (amo o jeito como você mente). Já ouviram/viram? - Eu adoro.
Um casal lindo vivendo no meio de mentiras, tapas, beijos e brigas – e gostando daquilo tudo, num hit sensacional e cenário evolvente. Duas pessoas que não conseguem se tornar duas pessoas. Um casal que ama e odeia a relação. Um relacionamento conflituoso...
São desnecessários em certo ponto de vista e super necessários em outros milhões. Lutam pela independênc total e parecem não consegui-la.

Nessa brincadeira se passaram anos e gerações. Diversas pessoas colocaram em questão a liberdade pessoal.
Muitos podem não entender como eu, vivendo na época do "prático", do sem compromisso, do neo-just in time, posso questionar a idealização da não necessidade ou dependêcia. Mas, ao meu ver, pode até ser o que estará na boca da maioria e muitas vezes vai ser o que procuramos, mas eu, euzinha, não acredito mesmo que dois amantes não desejam ser, ao menos um pouco, deliciosamente necessários.

Viver a vida de outra pessoa não torna alguém dependente e sim patético. Não defendo, nem um pouco, a dependência em forma de algemas. Logo, cairei no clichê de que a solução é o equilíbrio – mas sempre é. Então deixo aqui uma questão: O que é a independência para você, nos dias de hoje?

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