quinta-feira, 8 de julho de 2010

Upandown

Decidida a criar um álbum enorme com todas as fotos antigas de distintas épocas e grupos de amizades para nunca esquece-los, precisei mexer na segunda gaveta da minha escrivaninha, onde guardo todas as fotos.
Aberta a gaveta, dei de cara com um caderno. O caderno. Aquele com memórias de um amor infantil, do primeiro amor.
Não conti a minha curiosidade de relembrá-lo e o abri.
De dentro dele cairam fotos, cartas, palavras, cores e cheiros. Uma sensação de fumaça colorida ao meu redor, misturada com pontadas agudas de saudade.
Como já era de se esperar, visto que era um fim de tarde amarelo rosado de tédio, passei os olhos por todo o caderno, do início ao fim.
Só para constar, o tal caderno foi feito por mim, com tudo que se pode chamar de lembranças de um suposto amor. Era para ser um presente, que acabou ficando para mim mesma.
Enfim, continuei com as fotos.
Tratei de separá-las por data -aproveitando para rir um pouco de algumas, rasgar outras, juntei tudo e adicionei um longo suspiro.

Gaveta fechada.

Não preciso colocar em ordem aquilo que já aconteceu e já se foi, até porque ordem foi o que menos foi preciso em meio a todos aqueles momentos e acontecidos.
Não preciso organizar tudo num álbum bonito e colorido, pensando no quanto ficarei feliz um dia lendo e rezando para só me lembrar das coisas boas.
Não preciso deixar O Caderno escondido no fundo de alguma gaveta, com medo de lê-lo e me achar uma boba.
Não preciso ter medo do que vivi, não preciso organizar o passado. Não agora, não agora que devo me preocupar com o presente.

Dói ver fotos de abraços que hoje resultariam em porrada. Soa como uma verdadeira porrada, um nocalte no coração -no meio do estômago.
Aqueles que eram seus amigos e se foram, se afastaram, te magoaram, se magoaram... são irreconhecíveis, ou apenas distantes, ou muito atarefados, ou em outra dimensão...
Do primeiro amor não temos que temer. É sempre o mais puro, independente da idade que tenha ocorrido. Lembrá-lo as vezes não faz mal. Desenterrá-lo, algumas vezes, sim.

Chega de reclamar que pela primeira vez não posso ter tudo exatamente como eu quero ou de me sentir aguniada por não poder comprar mais tudo que vejo pela frente.
Não quero crescer igual Paris Hilton que até o fim da sua adolescencia achava que todos viviam em mansões.
Alguma hora a criança mimada ia ter que crescer. Alguma hora o motorista não estaria mais lá, o quarto não iria se arrumar num piscar de olhos...

Nem sempre se está por cima. A vida é como um elevador: Sobe e desce.
Uns tiram vantagem disso, outros de perdem, se fazem...
Ninguém é, em todo momento da vida, a mais bonita, a mais desejada, a mais feliz.
Nem sempre suas histórias vão ser as melhores. É assim que a banda toca. Não é ruim, é viver.

"A chuva só vem quando tem que molhar", já dizia o pagode...
A gaveta não vai desaparecer. Quando eu estiver em ordem com o agora, vai ser a melhor hora de organizá-la.
Nada de preguiça e muito menos de reclamações fúteis e exageradas!
Algo muito bom e grandioso está reservado para mim. Me dei conta disso e em breve acontecerá.

Um comentário:

  1. DANI EU TO LOUCA POR ESSE POST, VONTADE DE COPIAR INTEIRINHO!! EU TENHO UM CADERNO DESSES TAMBÉM. TÁ LINDO, LINDO!!!

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